22 de mar. de 2007

lições de fabulista, escritor de encantos...

Por falar em histórias encantadas, foi uma verdadeira pedrada na cabeça ler ontem a parte dos escritos de Tolkien (em seu "Sobre Histórias de Fadas") a respeito de sua definição e delimitação deste tipo de história. Não apenas ele consegue mostrar porque este tipo de encanto se restringe à literatura (estando perdido para o teatro, mesmo para o teatro shakespeareano), como também mostra muito claramente que em uma história encantada ou sobre o reino encantado não são os seres humanos que são o objeto central, e se o são, com suas percepções e emoções, não se trata então de uma história encantada.

Além disso Tolkien fala que a literatura de Fantasia (palavra a qual delimita magistralmente como o fluxo da Imaginação Subcriadora para a Arte) é um tipo de literatura à parte, que não se deve valer dos artifícios artísticos literários e deve se mergulhar na expressão do encanto. Isto é, que o escritor e seu ego saiam da frente, com todas as suas firulas e jogadas de palavras, e deixem que o puro encanto subcriado ou natural do Mundo Encantado tomem o centro do palco e da visão do leitor. Fabulistas devem ser então, os mais humildes dos escritores. Todo aquele encanto não os pertence, e embora sejam por eles trazidos à existência através de seu elevadíssimo poder de subcriação.

Depois de limpar a ferida, eu percebo que isso faz um enorme sentido. Acho que agora vou conseguir ficar em paz e escrever... do jeito que eu sabia lá no fundo, o tempo todo, que deveria ser.

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