Transformações.
1.
tentou mover as patas para sair do canto da sala. não conseguiu. faltavam-lhe patas. faltava-lhe espaço. a barata não entendeu nada quando despertou e se descobriu transformada em gente.
2.
tudo era diferente agora que saíra do jardim de infância. antes, se chorasse, alguém viria abraçá-la. agora, as pessoas apontavam para ela e riam. sentia-se tão desamparada que não conseguia não fazer as pessoas rirem vez por outra.
3.
ele ficou paralizado frente ao espelho. em vez da própria face, viu a face que acreditava agora perdida nas brumas da vida. acariciou os próprios cabelos, sorriu para si um sorriso saudoso e entendeu o sonho. despertou ele mesmo.
4.
"... e então a dríade, vendo o dragão estendendo os braços para o céu como uma frondosa árvore verde, perguntou à coruja: 'agora ele vai virar uma árvore?'. A coruja respondeu que não, pois ela ainda não havia se transformado em um dragão ..."
5.
quando entrou no carro, sabia que estava se deixando para trás. olhou-se indo embora pelo espelho antes de ligar o motor, e foi para casa descobrir quem havia se tornado. depois disso, nunca mais se viu por aí. era outra pessoa.
6.
o sol começou a se pôr cedo atrás da colina. começou a esfriar. é o outono chegando cedo -- pensou ela. acendeu um cigarro e olhou para as aves que voltavam para o ninho. estava com frio. queria poder voltar para casa.
7.
rompeu a casca. o sol machucou seus pequenos olhos antes de abraçá-lo. arrastou-se devagar para fora do casulo e esticou as asas coloridas. naquela manhã, nem se lembrava mais de ter sido uma lagarta. nascia em si uma borboleta.
tudo flui.
tentou mover as patas para sair do canto da sala. não conseguiu. faltavam-lhe patas. faltava-lhe espaço. a barata não entendeu nada quando despertou e se descobriu transformada em gente.
2.
tudo era diferente agora que saíra do jardim de infância. antes, se chorasse, alguém viria abraçá-la. agora, as pessoas apontavam para ela e riam. sentia-se tão desamparada que não conseguia não fazer as pessoas rirem vez por outra.
3.
ele ficou paralizado frente ao espelho. em vez da própria face, viu a face que acreditava agora perdida nas brumas da vida. acariciou os próprios cabelos, sorriu para si um sorriso saudoso e entendeu o sonho. despertou ele mesmo.
4.
"... e então a dríade, vendo o dragão estendendo os braços para o céu como uma frondosa árvore verde, perguntou à coruja: 'agora ele vai virar uma árvore?'. A coruja respondeu que não, pois ela ainda não havia se transformado em um dragão ..."
5.
quando entrou no carro, sabia que estava se deixando para trás. olhou-se indo embora pelo espelho antes de ligar o motor, e foi para casa descobrir quem havia se tornado. depois disso, nunca mais se viu por aí. era outra pessoa.
6.
o sol começou a se pôr cedo atrás da colina. começou a esfriar. é o outono chegando cedo -- pensou ela. acendeu um cigarro e olhou para as aves que voltavam para o ninho. estava com frio. queria poder voltar para casa.
7.
rompeu a casca. o sol machucou seus pequenos olhos antes de abraçá-lo. arrastou-se devagar para fora do casulo e esticou as asas coloridas. naquela manhã, nem se lembrava mais de ter sido uma lagarta. nascia em si uma borboleta.
tudo flui.
Marcadores: escritos, metamorfoses, micromicrocontos
3 Comments:
Escrevi um continho com a dríade, e um serzinho.
Chama "O Primeiro Vôo".
Gostei também da menina que faz com que as pessoas riam dela.
Gostei dos outros, mas esses dois estão mais próximos do que sou.
Obrigada e um abraço
Fico muito feliz que tenha gostado e se inspirado, moça. :)
Abraços do Verde.
Fico feliz em ti deixar feliz.
Estou postando-o brevemente no meu blog.
Ainda estou lambendo a cria.
Um abraço, se você escrever mais,
e sigo... Espécie de vampirismo literário - inofensivo.
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