Opiniões de um rato de sebo.
Estou tentando cultivar o hábito de comprar ao menos um livro de um autor que eu ainda não conheça a cada vez que entro em um sebo, para assim alargar um pouco mais meus horizontes literários. Na última destas visitas, além de comprar um livro da minha querida Clarice Lispector (Onde Estivestes de Noite) e outro do mestre Rubem Fonseca (A Coleira do Cão, de 1963), comprei também "O Reino das Cebolas" de Cintia Moscovitch e "Pubis Angelical" de Manuel Puig (apesar da torcida de nariz dada pelo Cláudio do sebo Mar de Histórias ao me ver comprando estes últimos dois títulos).
Onde Estivestes de Noite dispensa (mais) comentários. A prosa de Clarice é, no mais das vezes, impressionantemente boa. O mesmo se pode dizer de Rubem Fonseca, com seu texto direto, cativante e profundamente humano e simples. Já de Cintia Moscovitch, tenho que me segurar para não falar impropérios. Enquanto isso, Manuel Puig foi apenas uma decepção (tendo em vista que uma grande amiga havia me recomendado muito bem este seu livro).
A prosa de Cintia Moscovitch é ininteligível quando tenta ser original e simplesmente ruim quando tenta ser inteligível. Seu experimentalismo não convence, e passa a impressão de que ela é apenas mais uma escritora que acha ser muito mais do que é. Talvez seu texto ainda possa melhorar com o tempo (assim como o meu ainda precisa melhorar MUITO antes que eu ache que está minimamente bom), mas o que vi em "O Reino das Cebolas" é algo que eu não classificaria nem sequer como regular. Resumindo, achei Cintia Moscovitch uma escritora sofrivelmente ruim. Não consegui sequer terminar de ler seu livro, pois lutava a cada página contra o impulso de jogá-lo pela janela. Me pergunto como diabos este livro quase ganhou o Prêmio Jabuti.
Manuel Puig, por sua vez, merece palavras bem mais brandas e doces, embora não muito condescendentes. Seu "Pubis Angelical" não chega a ser um livro ruim, pelo que percebi. Não é ruim, mas não chega também a ser bom. Existe uma aridez, um algo de profundamente desinteressante, em seus personagens. Os diálogos entre Ana e Beatriz e Ana e seu diário nos primeiros capítulos do livro são um bocado sem pé nem cabeça, e as reflexões de Ana na cama do hospital (psiquiátrico) são até convincentes, mas não me chamaram a atenção em nada.Em suma, Pubis Angelical não é um livro que eu leria até o fim, e muito menos recomendaria. Mas ainda tenho esperança de que Manuel Puig tenha escrito algo melhor, pois vejo que o cara tem qualidade e sabe escrever (na maior parte do tempo).
Agora é hora de fazer outra visita ao sebo. Espero ter mais sorte com os próximos "desconhecidos".
Update:
Na esperança de que um livro tão bem falado por tantas pessoas possa eventualmente ser bom sem que eu tenha notado, vou tentar ler o Pubis Angelical até o fim. Manuel Puig parece ser um cara respeitado (e respeitável) o bastante para merecer uma segunda chance. De qualquer forma, até o momento, não retiro nada que eu disse (além de, talvez, que "o Pubis Angelical não seria um livro que eu leria até o fim").
Onde Estivestes de Noite dispensa (mais) comentários. A prosa de Clarice é, no mais das vezes, impressionantemente boa. O mesmo se pode dizer de Rubem Fonseca, com seu texto direto, cativante e profundamente humano e simples. Já de Cintia Moscovitch, tenho que me segurar para não falar impropérios. Enquanto isso, Manuel Puig foi apenas uma decepção (tendo em vista que uma grande amiga havia me recomendado muito bem este seu livro).
A prosa de Cintia Moscovitch é ininteligível quando tenta ser original e simplesmente ruim quando tenta ser inteligível. Seu experimentalismo não convence, e passa a impressão de que ela é apenas mais uma escritora que acha ser muito mais do que é. Talvez seu texto ainda possa melhorar com o tempo (assim como o meu ainda precisa melhorar MUITO antes que eu ache que está minimamente bom), mas o que vi em "O Reino das Cebolas" é algo que eu não classificaria nem sequer como regular. Resumindo, achei Cintia Moscovitch uma escritora sofrivelmente ruim. Não consegui sequer terminar de ler seu livro, pois lutava a cada página contra o impulso de jogá-lo pela janela. Me pergunto como diabos este livro quase ganhou o Prêmio Jabuti.
Manuel Puig, por sua vez, merece palavras bem mais brandas e doces, embora não muito condescendentes. Seu "Pubis Angelical" não chega a ser um livro ruim, pelo que percebi. Não é ruim, mas não chega também a ser bom. Existe uma aridez, um algo de profundamente desinteressante, em seus personagens. Os diálogos entre Ana e Beatriz e Ana e seu diário nos primeiros capítulos do livro são um bocado sem pé nem cabeça, e as reflexões de Ana na cama do hospital (psiquiátrico) são até convincentes, mas não me chamaram a atenção em nada.
Agora é hora de fazer outra visita ao sebo. Espero ter mais sorte com os próximos "desconhecidos".
Update:
Na esperança de que um livro tão bem falado por tantas pessoas possa eventualmente ser bom sem que eu tenha notado, vou tentar ler o Pubis Angelical até o fim. Manuel Puig parece ser um cara respeitado (e respeitável) o bastante para merecer uma segunda chance. De qualquer forma, até o momento, não retiro nada que eu disse (além de, talvez, que "o Pubis Angelical não seria um livro que eu leria até o fim").
Marcadores: cintia moscovitch, clarice lispector, crítica literária, literatura, manual puig, rubem fonseca
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