18 de abr. de 2008

Delianárra, fragmento 1

"Do alto deste monte, consigo enxergar uma floresta, um rio e um povoado. No silêncio do meio da manhã, deste dia de espera, cada detalhe do mundo distante que vislumbro parece cheio de significado. O rio está vivo, e por trás de seu nome há outro nome e é o nome de um deus, que também é o rio. Aquele povoado, por onde passei em minha subida, não se lembra. Mas foi construído na mesma margem do rio-deus onde certa vez uma jovem se enamorou de uma dríade que se banhava. Deixo que todas as histórias soprem como o vento e retorno à minha própria história. Quem sou, o que vim fazer aqui e o caminho que percorrí até esta colina descalvada coroada por cinco pilares de pedra que se lembram da juventude do mundo, são sendas que se trançam, como se trançam os cabelos das crianças do Povo-Terra nas Ilhas Místicas onde começou minha busca.

Delian foi meu nome, mas o vendí a uma velha que também era uma estrada que atravessava um lugar muito ermo, em meio a minhas andanças. Com meu nome, disse-me ela, poderia mudar seu rumo para novamente se encontrar com o vau que um dia foi seu amante. Ter um nome dá poder, embora alguns nomes tenham mais poder do que outros. Dán Loth é um nome que é também um encantamento, e este nome encantamento pertence desde muito tempo àquele que busquei ardentemente. Esta busca me trouxe até aqui. Esta busca me fez percorrer caminhos que me fizeram entendê-la além do entendimento que me era possível quando dei seu primeiro passo, saindo da aldeia onde, conta minha lembrança, nascí. Esta busca me fez subir a colina carregando todas as dádivas que acumulei no caminho, e todas as lembranças grandes demais para a alma de um homem, que por agora ainda consigo reter. Ao nascer do dia de amanhã vou abrir a caixa que me foi entregue, e que me estava endereçada desde antes de meu vir a ser. Talvez este seja o fim de minha busca, ou apenas mais uma passagem da longa estrada.

Só sei que agora tenho tempo. E enquanto o sol caminha pelo céu e o vento passeia à minha volta, vou verter minha história. Para você que a está lendo, e talvez para mim mesmo. Vou falar apenas daquilo que sei, de agora em diante..."


(vale lembrar que os fragmentos não serão publicados em nenhuma ordem particular além da cronologia de sua escrita, que não necessariamente condiz com sua cronologia na história. Creio que este seja o fragmento inicial de Delianárra, mas fico me perguntando o que será então do pequeno fragmento publicado aqui. Não sei, e prefiro falar daquilo que sei...)

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gosto desse.

4/18/2008 02:25:00 PM  
Blogger Daniel Duende said...

obrigado, meu amor. =*

4/18/2008 04:10:00 PM  

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