Fábula de Alma...
Inuaçu e o menino-gralha
"Inuaçu fazia tapioca quando achou uma gralha com a asa quebrada. Como se devia fazer, Inuaçu a levou para a oca, colocando-a em uma gaiola bonita feita com pedaços de pau e cipó. Inuaçu se lembrava de antigas histórias sobre espíritos de homens que habitavam corpos de pássaros, por isso tratou logo de alimentar bem a gralha e conversar com ela todos os dias. Inuaçu e a gralha travavam longas conversas enquanto ela cozinhava ou tecia esteiras. A gralha não disse seu nome, era proibido às criaturas de dois mundos revelar seu nome para aqueles que habitavam somente um. Disse apenas que era um menino. O tempo passou e Inuaçu percebeu que a asa do menino-gralha estava curada. Era hora de solta-lo, ela sabia, e nunca mais tornaria a vê-lo. O menino-gralha disse a Inuaçu que queria ficar e pediu para que ela não abrisse a gaiola, pois isso o obrigaria a ir. Disse que havia se apaixonado. A índia também estava apaixonada, mesmo sabendo que seus desejos feriam as ordens dos deuses. Inuaçu sabia que se não abrisse a gaiola ambos seriam amaldiçoados e suas vidas nunca seriam felizes. A gralha nunca mais poderia cantar e perderia todas as suas penas, o útero de Inuaçu se tornaria seco e sua comida nunca mais teria sabor. Ficariam amaldiçoados e passariam a habitar o mundo dos mortos em vida. Inuaçu sempre soubera que destinos diferentes assim não se cruzavam. Toda noite, enquanto o menino-gralha dorme, Inuaçu encosta na porta da gaiola para abri-la, mas não consegue."
"Inuaçu fazia tapioca quando achou uma gralha com a asa quebrada. Como se devia fazer, Inuaçu a levou para a oca, colocando-a em uma gaiola bonita feita com pedaços de pau e cipó. Inuaçu se lembrava de antigas histórias sobre espíritos de homens que habitavam corpos de pássaros, por isso tratou logo de alimentar bem a gralha e conversar com ela todos os dias. Inuaçu e a gralha travavam longas conversas enquanto ela cozinhava ou tecia esteiras. A gralha não disse seu nome, era proibido às criaturas de dois mundos revelar seu nome para aqueles que habitavam somente um. Disse apenas que era um menino. O tempo passou e Inuaçu percebeu que a asa do menino-gralha estava curada. Era hora de solta-lo, ela sabia, e nunca mais tornaria a vê-lo. O menino-gralha disse a Inuaçu que queria ficar e pediu para que ela não abrisse a gaiola, pois isso o obrigaria a ir. Disse que havia se apaixonado. A índia também estava apaixonada, mesmo sabendo que seus desejos feriam as ordens dos deuses. Inuaçu sabia que se não abrisse a gaiola ambos seriam amaldiçoados e suas vidas nunca seriam felizes. A gralha nunca mais poderia cantar e perderia todas as suas penas, o útero de Inuaçu se tornaria seco e sua comida nunca mais teria sabor. Ficariam amaldiçoados e passariam a habitar o mundo dos mortos em vida. Inuaçu sempre soubera que destinos diferentes assim não se cruzavam. Toda noite, enquanto o menino-gralha dorme, Inuaçu encosta na porta da gaiola para abri-la, mas não consegue."
(retirado de Inuaçu e o Menino-Gralha, de Patrícia Nardelli)
Marcadores: fábulas, fabulistas, gralha azul, histórias encantadas, patricia nardelli
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