que papo é esse de "blogueiro profissional"?
O André Oliveira, do blogue Marmota (agora parte integrante do "Shopping Center de Blogs" Interney Blogs), teceu umas considerações bem interessantes sobre essa coisa de blogueiro profissional:
O André também fala de algumas vicissitudes desse papo de ser blogueiro 'profissa':
E é aí que o cara pegou o espírito da coisa. Quem quer que a profissão -- ops... que o ofício -- de blogueiro se transforme em algo parecido com todos os outros ofícios que perderam a arte e viraram uma coreografia de cachorro comendo cachorro em luta por migalhas? Deste jeito, quem é que quer ser blogueiro profissional? Se eu me recusei a me tornar profissional em qualquer coisa que fosse, justamente para fugir desta mentalidade terrível que acompanha a alcunha, a profissionalização blogueira não faz então nenhum sentido.
Blogs são, como diz a própria apresentação do Interney Blogs "páginas dinâmicas e democráticas - qualquer internauta razoavelmente alfabetizado pode criar o seu). Além disso, possuem linguagem mais informal, interação maior com os leitores (clique aqui para deixar seu comentário!) e dão a seus autores liberdade para escrever o que quiserem, quando quiserem e como quiserem, desvencilhados de limites de caracteres, pautas pré-determinadas e deadlines.". Para se blogar, tem-se que ser igualmente dinâmico, desvencilhado de todas as amarras físicas ou mentais que apodrecem os mercados e as redações jornalísticas e, sobretudo, ter muito tesão por falar e conversar. Estas coisas não se profissionalizam. Então, vá lá, ganhar dinheiro com seu blog -- como ganhar dinheiro com qualquer coisa que se faz com paixão -- é uma delícia. Mas se tornar blogueiro profissional, com todas as vicissitudes e horrores do termo, é coisa de gente que não sabe o que está perdendo -- a própria alegria e liberdade que são a essência do blogar.
UPDATE PICANTE:
Decidi recolocar as frases finais do texto, que havia retirado anteriormente. No dia em que eu tiver que ter papas na língua sobre o que penso, é hora de parar de blogar. As frases eram:
"Se a atividade blogueira começa a obedecer a exigências de mercado, opiniões dominantes dos 'grandes', desígnios dos anunciantes, desejos da burguesia de atenção blogosférica e coisas afins, qual seria a sua diferença em relação às profissões de jornalista e publicitário? Nada contra os jornalistas e publicitários, conheço alguns deles que são fantásticos (curiosamente, a familia Bicarato é rica neles), mas eu sou blogueiro -- blo-guei-ro! -- e como tal gosto de acreditar que a atividade blogueira é como eu, livre pra pensar, falar e fazer o que achar que é certo, sem obedecer a mercados ou idéias nefastas do velho mundo que morre. Blogar é arte, ou então não me chamo mais de blogueiro."
Pronto. Falei. Agora posso seguir desopilado para posts mais leves...
Abraços do Verde
P.S. Em tempo, parabenizo o Edney véio de guerra e toda a galera do Interney Blogs pela proposta e pelo sucesso, e espero que todos eles ganhem tanta atenção, comentários e grana quanto merecem e quiserem ganhar. Só não gosto da idéia de que, para ganhar grana ou ter sucesso (seja lá o que isso significar), um blogueiro tenha que ser alguma coisa diferente do que naturalmente é -- um pensador que vive entre dois mundos e que auto-publica seu pensar e sentir nas teias da rede digital, para os olhos, mentes e corações da rede humana na qual vive.
"O que me assusta é saber que esse rótulo transforma as pessoas. Preocupadas com resultados, acabam se levando a sério demais.
Ser "blogueiro profissional" (ou "problogger", que é bem mais legal) é escrever pensando nos números. Nada contra essa prática: quero mais é que todos que procuram esse caminho transbordem a conta bancária. Agora, com tanta gente em busca das mesmas coisas, tenho uma visão muito pesada sobre o futuro da "blogosfera", caso ela "amadureça" por esse viés: isso aqui está se transformando em uma Serra Pelada, com gente demais se acotovelando atrás de alguns tostões."
O André também fala de algumas vicissitudes desse papo de ser blogueiro 'profissa':
"Então cá estou, blogueiro profissional, buscando formas de "monetizar" meu conteúdo; adotando todas as regrinhas de "Search Engine Otimization" para fisgar consumidores; patrulhando os aproveitadores - afinal de contas, além de ser assinado, conteúdo semelhante na rede atrapalha meu posicionamento no Google. Sem essa de compartilhar idéias só para conhecer gente nova ou simplesmente para marketing pessoal: agora, eu quero é ganhar dinheiro. Vou justificar minhas ações na cartilha da ética (e outras totalmente justificadas), mas vou seguir mesmo a lei da selva. E salve-se quem puder.
Tenho medo disso. É o mesmo discurso atribuído a outras áreas competitivas (no caso dos "jornalistas", é exatamente igual)."
E é aí que o cara pegou o espírito da coisa. Quem quer que a profissão -- ops... que o ofício -- de blogueiro se transforme em algo parecido com todos os outros ofícios que perderam a arte e viraram uma coreografia de cachorro comendo cachorro em luta por migalhas? Deste jeito, quem é que quer ser blogueiro profissional? Se eu me recusei a me tornar profissional em qualquer coisa que fosse, justamente para fugir desta mentalidade terrível que acompanha a alcunha, a profissionalização blogueira não faz então nenhum sentido.
Blogs são, como diz a própria apresentação do Interney Blogs "páginas dinâmicas e democráticas - qualquer internauta razoavelmente alfabetizado pode criar o seu). Além disso, possuem linguagem mais informal, interação maior com os leitores (clique aqui para deixar seu comentário!) e dão a seus autores liberdade para escrever o que quiserem, quando quiserem e como quiserem, desvencilhados de limites de caracteres, pautas pré-determinadas e deadlines.". Para se blogar, tem-se que ser igualmente dinâmico, desvencilhado de todas as amarras físicas ou mentais que apodrecem os mercados e as redações jornalísticas e, sobretudo, ter muito tesão por falar e conversar. Estas coisas não se profissionalizam. Então, vá lá, ganhar dinheiro com seu blog -- como ganhar dinheiro com qualquer coisa que se faz com paixão -- é uma delícia. Mas se tornar blogueiro profissional, com todas as vicissitudes e horrores do termo, é coisa de gente que não sabe o que está perdendo -- a própria alegria e liberdade que são a essência do blogar.
UPDATE PICANTE:
Decidi recolocar as frases finais do texto, que havia retirado anteriormente. No dia em que eu tiver que ter papas na língua sobre o que penso, é hora de parar de blogar. As frases eram:
"Se a atividade blogueira começa a obedecer a exigências de mercado, opiniões dominantes dos 'grandes', desígnios dos anunciantes, desejos da burguesia de atenção blogosférica e coisas afins, qual seria a sua diferença em relação às profissões de jornalista e publicitário? Nada contra os jornalistas e publicitários, conheço alguns deles que são fantásticos (curiosamente, a familia Bicarato é rica neles), mas eu sou blogueiro -- blo-guei-ro! -- e como tal gosto de acreditar que a atividade blogueira é como eu, livre pra pensar, falar e fazer o que achar que é certo, sem obedecer a mercados ou idéias nefastas do velho mundo que morre. Blogar é arte, ou então não me chamo mais de blogueiro."
Pronto. Falei. Agora posso seguir desopilado para posts mais leves...
Abraços do Verde
P.S. Em tempo, parabenizo o Edney véio de guerra e toda a galera do Interney Blogs pela proposta e pelo sucesso, e espero que todos eles ganhem tanta atenção, comentários e grana quanto merecem e quiserem ganhar. Só não gosto da idéia de que, para ganhar grana ou ter sucesso (seja lá o que isso significar), um blogueiro tenha que ser alguma coisa diferente do que naturalmente é -- um pensador que vive entre dois mundos e que auto-publica seu pensar e sentir nas teias da rede digital, para os olhos, mentes e corações da rede humana na qual vive.
Marcadores: arte, blogar, blogosfera, blogs, divagações, internet-br, novo mercado, overfood, tesão
12 Comments:
Ei Daniel, sabe q eu acho esse negócio de "blogger profissional" (que eu acho mais bonito que "problogger") muito cafona?
acho mesmo né.. mas fazer o que, deve ser pq eu ainda não ganho grana com meus blogs
Eu não acho que haja nada de errado em se ganhar grana com seus blogs e blogadas. Acho até bem legal a proposta do Interney Blogs, assim como achei bem legal quando soube que o Interney havia se tornado um dos primeiros blogueiros do Brasil a "viver de seu blog".
O que eu critico, e aí sim, critico com fervor é esta idéia do "blogueiro profissional", que perde a leveza e o frescor de seu ofício, que começa a se tornar competitivo, obedecer mercados e tendências, abrir mão do tesão de blogar em prol de ditames outros -- coisas alienígenas ao bom e livre blogar -- para se tornar "profissional".
Até onde sei, não é assim com o Interney. E sei bem, oh, muito bem, que não é assim com meu irmão. Blogueiro que ganha grana, que tem respaldo até na frente dos mais caretas, sim. Blogueiro que deixa de ser blogueiro para virar blogueiro profissional... ahhh, isso é o fim da picada.
Abraços do Verde.
Eu gostei mesmo foi das ilustrações do post! Hehehehe!
KKKK, desculpa Daniel, mas morri de rir com o seu "desabafo" no final do "post"!!
Eu concordo com muitas colocações que vc apontou, Mas o que eu tenho visto nos "problogguers" é que o perfil deles não é de reportar... e sim informar!! A maioria dos bloggers profissionais que eu "passo" são mais direcionados a tecnologia... então eles informam as novidades tecnológicas, expõe 3,4 5 "posts" por dia e fazem disso a sua forma de ganhar dinheiro. Como hoje existe uma gama enorme de blogueiros e falando sobre qualquer tipo de assunto... acho que vale o que eu sempre digo: Nem todos vão para a lista de favoritos! E viva a diversidade!!
Eu leio vários bloggers e gosto mais do formato "pessoal"... onde as postagens tem opinião própria, mas isso é também é muito pessoal... e o perfil dos leitores é traçado dessa maneira.
Abçs!
Marmota, meu bom rapaz... que bom que gostou das fotos. :D
E eu entendo o que você diz, Poliane. Entendo, mas não sei se me fiz entender com clareza. Nada tenho contra os blogueiros que escrevem sobre tecnologia (eu mesmo já me aventurei algumas poucas vezes a blogar sobre o assunto), ou contra qualquer outro "segmento" de blogueiros da blogosfera, e muito menos contra aqueles que blogam sobre tudo. Nada tenho contra aqueles que ganham dinheiro com o blogar e, bem entendido, acredito que alguns deles são os melhores blogueiros do Brasil em suas áreas.
Minha crítica, a bem entender, é com aquele que perde o prazer original, o frescor, o tesão, a liberdade em seu blogar. É uma crítica específica com o momento em que a blogada perde o seu ar de blogada, e a linha editorial de um blog perde o seu frescor de blog, e tudo fica assim... parecendo uma outra revista qualquer. É algo sutil para quem olha de fora, mas para quem bloga (como eu, marmota e, imagino, você também) isso é toda a diferença. Minha crítica é quando o trabalho deixa de ser paixão, e a ação deixa de ser livre, para que tudo se submeta a interesses outros e tendências externas, que não o prazer de blogar.
Serei um romântico?
Abraços do Verde.
Ótimas observações, Daniel. Um dos motivos que me fez idealizar ao lado do Edney, do Marmota e do Ian a criação do condomínio é poder oferecer a blogueiros de talento a possibilidade de receber alguma remuneração fazendo exatamente o que sempre fizeram em seus blog: escrever com total liberdade. Ninguém precisará mudar seu estilo ou postar sobre o cabelo da Britney Spears ou o vídeo do Saddam Hussein para amealhar alguns trocadinhos de incautos do Google, por exemplo. :) Um abraço e valeu pelo feedback!
Olá Inagaki. Fico feliz de te ver por aqui, cara!
Confiava desde o princípio na qualidade das intenções do Edney, assim como as de todos os blogueiros agregados no projeto (entre os quais estão, na minha opinião, alguns dos melhores de nossa blogosfera). Acreditava também que vocês entenderiam como o meu "desabafo" articula-se com o surgimento do Interney Blogs, inclusive com o post do Marmota. É justamente com o surgimento do Interney Blogs que surge uma grande oportunidade de se aperfeiçoar um modelo de negócios em que os blogueiros sejam remunerados pelo seu trabalho sem nunca deixarem de ser blogueiros.
Confio em vocês, caros caras e caras minas. Sei que o trabalho de vocês é bom pra caramba e, sobretudo, livre e totalmente espontâneo.
Parabéns mais uma vez pela iniciativa para vocês todos...
e um abraço apertado do Verde.
p.s. quero agradecer também pela receptividade ao meu post, e por todos os comentários. fiquei feliz que minhas "observações" tenham recebido tanta atenção. é mais um sinal de que vocês não são apenas antenados, mas também "muitcho genti boua", e isso é o mais importante de tudo. :D
Daniel, é um dos melhores posts sobre o Interney Blogs. E as discussões aqui na caixa de comentários é uma prova disso.
Acredito que ainda é muit cedo para avaliar o impacto do surgimento do Interney Blogs. Mas um dos critérios adotados na escolha dos blogueiros do portal, era de que fossem pessoas que, antes de mais nada, blogassem por prazer, longe de qualquer idéia de monetização.
Pra muita gente ainda é estranha essa possibilidade de remuneração. Mas seria perfeito que pessoas que escrevem bem pudessem viver só disso, mantendo a sua integridade. Seria a nossa garantia de diversão. Para todo mundo.
Abraços.
E obrigado pelo ótimo comentário sobre o texto da Gigi.
Ola Ian, muito obrigado pelos elogios.
Fico muito feliz que tenham gostado, e se identificado, com as idéias que coloquei em meu post. Acredito, inclusive, que deva fazer um novo post, com calma, aprofundando um pouco mais minhas colocações. Parece que o assunto dá pano para manga, né? :)
Concordo com você a respeito de ser ainda muito cedo para se avaliar o impacto, ou se prever quaisquer rumos, do Interney Blogs. Vejo, contudo, o projeto com muito bons olhos. O Interney, e todos os outros blogueiros do projeto que já conheço (e aqueles que estou vindo a conhecer agora, como você) são gente blogueira da maior qualidade e potencial. Estou torcendo por vocês, e pelo modelo de negócios do Interney Blogs (que, como já repeti quase exaustivamente, é uma das melhores propostas de arranjo de remuneração a blogueiros que já vi).
Concordo plenamente que blogueiros (e escritores) pelo Brasil afora deveriam ter a oportunidade (e o prazer) de viver daquilo que amam fazer. Uma oportunidade de continar a fazer o que gostam, o que sabem, o que amam, o que tem tesão por fazer, e ganhar uma graninha com isso. :D
Não é profissionalizar, alterar, esterilizar o blogueiro. É, pelo contrário, investir naquilo que ele tem de especial, de alta qualidade, de interessante.
E nunca é demais dizer que o texto da Gigi está mesmo um barato! :D
Abraços apertados do Verde.
Pode ser que eu me engane, mas ainda não engoli esse lance de "viver como blogueiro profissional".
Uma coisa é vc fazer um troco escrevendo sobre o que vc quer, sem pressões, sem pauta. Concordo com isso. Acho justo, aliás.
Outra coisa é vc virar "profissional". Tudo que é profissional, no meu entender é para ter e dar lucro.
Dinheiro, meus amiguinhos, corrompe até o espírito mais iluminado. Por enquanto vejo esse lance com desconfiança. O tempo vai esclarecer, como faz com tudo nessa vida virtual.
Abraços!!
T§
Olá Tarsis. Seja bem vindo, caro cara.
Minha preocupação com o "profissional" neste caso não é o lucro, embora a motivação pelo lucro seja uma das maiores desvirtuadoras de ações em nossa sociedade. Minha preocupação é, como já disse algumas vezes, com a desvirtuação -- a perda da essência -- do próprio conceito de blogar.
Discutindo a questão aqui e ali, percebi que minha preocupação é mais do que simplesmente comportamental -- é uma preocupação cultural. E vou um pouco mais além. Não temo, como já disse lá no seu blog, que os bons blogueiros deixem de sê-lo ao ganhar dinheiro. Interney, e outros feras, já ganham uma boa grana com seus blogs há tempos. O lance é que quando pessoas começam a blogar motivadas pelo lucro, e não pelo tesão blogueiro, elas não pegam o espírito da coisa e vão ser apenas "pessoas querendo ganhar dinheiro com blogs", e não blogueiros. Quando estas pessoas, que acho adequado chamar de "probloggers", termo criado por elas mesmas e seus admiradores, começarem a ser igualadas linguistica, conceitual e socialmente, isso será algo sério.
Minha preocupação é, então, deixar claro que BLOGAR é uma coisa, montar um blog só para ganhar dinheiro é outra, e que as duas coisas SEMPRE serão diferentes (mesmo que os blogueiros de verdade ganhem até mais dinheiro do que os "probloggers").
Abraços do Verde
(já vi que vou ter que escrever outro post aprofundando meu ponto de vista, que já amadureceu um bocado nestes 3 dias)
E hoje, dia 05/08 chego aqui, pois procurei pela frase "essência de blogar" já que hj o lance de blogueiro profissional explodiu literalmente.
Não li ele do começo até chegar aqui, cheguei até essa postagem direto, graças ao google.
mas ai vc disse aquilo que eu penso, mas não vou me extender nesse comentário, quando o anti-sociais voltar, certeza de que vc será citado já no primeiro post.
isso se a minha mente, já com informações demais, não esquecer.
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