18 de set. de 2008

O Caderno de Saramago

José Saramago, aquele grande escritor que sempre respeitei mas de quem nunca gostei muito, fundou seu blogue nesta semana. O blogue está aqui, no site da Fundação Saramago.

O primeiro texto do blogue é uma antiga declaração de amor à sua Lisboa:
"Tempo houve em que Lisboa não tinha esse nome. Chamavam-lhe Olisipo quando os Romanos ali chegaram, Olissibona quando a tomaram os Mouros, que logo deram em dizer Aschbouna, talvez porque não soubessem pronunciar a bárbara palavra. Quando, em 1147, depois de um cerco de três meses, os Mouros foram vencidos, o nome da cidade não mudou logo na hora seguinte: se aquele que iria ser o nosso primeiro rei enviou à família uma carta a anunciar o feito, o mais provável é que tenha escrito ao alto Aschbouna, 24 de Outubro, ou Olissibona, mas nunca Lisboa. Quando começou Lisboa a ser Lisboa de facto e de direito? Pelo menos alguns anos tiveram de passar antes que o novo nome nascesse, tal como para que os conquistadores Galegos começassem a tornar-se Portugueses…

Estas miudezas históricas interessam pouco, dir-se-á, mas a mim interessar-me-ia muito, não só saber, mas ver, no exacto sentido da palavra, como veio mudando Lisboa desde aqueles dias. Se o cinema já existisse então, se os velhos cronistas fossem operadores de câmara, se as mil e uma mudanças por que Lisboa passou ao longo dos séculos tivessem sido registadas, poderíamos ver essa Lisboa de oito séculos crescer e mover-se como um ser vivo, como aquelas flores que a televisão nos mostra, abrindo-se em poucos segundos, desde o botão ainda fechado ao esplendor final das formas e das cores. Creio que amaria a essa Lisboa por cima de todas as cousas..."

Leia o resto do texto lá no blogue de Saramago.

E por falar em Saramago, o filme do Ensaio Sobre a Cegueira está estreando agora, né? Eu e Patinha queremos assistir o quanto antes.


(o que me faz lembrar que ainda não assistimos o filme de "Amor em Tempos de Cólera", adaptação do livro homônimo de García Marquez)

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