13 de mai. de 2007

Lost Girls de Alan Moore, e a sexualidade nas fábulas.

Está sendo lançada no Brasil pela Devir Editora a controversa série Lost Girls, escrita pelo mestre Alan Moore (que nos deu Watchman, V de Vingança e John Constantine e foi recentemente entrevistado pela Trip) e ilustrada por Melinda Gebbie, (com quem Moore se casou recentemente, e que é dona de um traço bem particular). Em Lost Girls, Moore aborda a questão da sexualidade nas fábulas infantis (se é que fábulas são coisas para crianças) e brinca com a idéia de um encontro cheio confissões sexuais e afetivas entre Wendy Darling (de Peter Pan), Alice (de Alice no País das Maravilhas) e Dorothy Gale (de O Mágico de Oz).

A matéria de Marcelo Naranjo sobre a série, escrita para o site da UniversoHQ, descreve a obra da seguinte forma:
"Como divulgamos no ano passado, a série Lost Girls está para ser lançada no Brasil, pela Devir Editora.

Lost Girls - Livro 1: Meninas Crescidas
(formato 21 x 28 cm, 112 páginas coloridas, R$ 65,00) é uma graphic novel erótica que conta as aventuras sexuais de três importantes personagens femininas fitícias do final do século 19 e início do século 20: Alice, de Alice no País das Maravilhas; Dorothy Gale, de O Mágico de Oz e Wendy Darling, de Peter Pan.

Elas se encontram já adultas em 1913 num luxuoso hotel austríaco para descrever e partilhar entre si algumas de suas aventuras eróticas, contando como cada uma delas descobriu os prazeres do sexo.

A história é escrita por Alan Moore e ilustrada por Melinda Gebbie (que também co-criou e desenhou a série de histórias The Cobweb para a revista Tomorrow Stories, da linha de quadrinhos de Moore America's Best Comics). O conceito de personagens de várias histórias co-existindo num mesmo universo também já foi explorado por Alan Moore em A Liga Extraordinária.

Lançados originalmente dentro de uma caixa, os três volumes da série Lost Girls serão publicados separadamente pela Devir em abril, junho e setembro de 2007."

Embora esteja muito ansioso para conferir este trabalho de um de meus mestres-contadores de histórias, não sei muito bem ainda o que dizer sobre o tema da sexualidade nas fábulas. Talvez esta obra de Moore me dê mais o que pensar sobre o assunto. Penso, contudo, que sendo a fábula uma narrativa mágica sobre um mundo essencialmente natural e encantado, não há nenhum impedimento para a existência de tudo aquilo que é natural (inclusive o sexo e todas as suas formas) em uma fábula. As duas coisas que sempre "empacaram" este fluxo são o engano de achar que fábulas são escritas apenas para crianças e a besteira cristã de achar que o sexo é feio, e portanto não é coisa para as fábulas e muito menos para os olhos das crianças. Fábulas com sexo são não apenas coisa para gente grande em tamanho, mas sobretudo para gente grande em compreensão do mundo. Se as fábulas foram tão dessexualizadas quanto os anjos nos últimos séculos, isso se atribui principalmente à ignorância e obscurantismo com a qual foram tratadas nos últimos tempos.

Mais uma vez, Alan Moore mostra que sabe o que está fazendo.
Um brinde ao monstro de Northampton!

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7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

legal
queria um lost boys...

5/13/2007 08:37:00 PM  
Blogger Daniel Duende said...

já existe um. é um filme engraçadinho sobre vampiros feito no final da década de oitenta, início da década de noventa.
hehehehehhe....
brincadeira. :)

eu entendi seu ponto.
eu acho que seria muito bacana.
boto fé que é um projeto no qual você poderia se envolver, não é? :)
eu te dou todo o apoio. :D

5/13/2007 08:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

X]

5/13/2007 08:50:00 PM  
Blogger Dora nascimento said...

Vou começar a ler um livro que leva os contos de fadas ao divã.
Eu mesma tenho uma Alice e uma Branca de Neve já bem crescidinhas.
Estão no fundo de uma gaveta. Um dia eu crio coragem e tiro elas de lá.
Fábulas realmente não foram feitas exatamente para crianças, mas...
São histórias contadas desde muito tempo, sofreram traduções e modificações com passar dos séculos e caíram nessa ingenuidade de historinhas de ninar.
Uma pena. Há todo uma inquietação psiquica dentro de cada personagem.
No livro "Mulheres que correm com lobos" - não lembro o nome da autora agora - consegui desvendar muita coisa a respeito dos contos de fadas - sob uma visão especificamente feminina, mas muito bem destrinchada - e suas nuances. Muito Bom.
Adorei saber que tem mais coisas para ler, estudar, aprender, e compartilhar sobre fadas.
Prá você Daniel, que gosta de contos de fadas, eu vou indicar um bem legal. "Lithand, o mago da estrela azul" da Mario Zimmer Bradley. Quando vi aquela imagem da "Mulher Mar", lembrei de Lithand, não chega a ser uma fabúla propriamente dita, mas soa como tal, e é surpreendente também.
Um abraço

5/28/2007 05:42:00 PM  
Blogger Daniel Duende said...

Olá Dora,

Fiquei curioso para ver o que há em sua gaveta. :)

Conheço o livro Mulheres que Correm com os Lobos. Ele apresenta um enfoque interessante sobre os contos de fadas, mas acho que a coisa é ainda maior do que a forma como a autora coloca. Elo perdido entre o Mito e a Arte Narrativa, o Conto de Fada (ou melhor dizendo, o Conto da Terra Encantada -- FaêrieTale) representa uma forma mágica de escrita que vai direto na veia da essência das coisas, do jeito mais direto e mágico.

Talvez por isso tenha sido relegado às crianças. Elas não tem paciência para as máscaras. Elas querem entender as coisas como elas são.

Vale dar uma olhada em meus posts sobre a Moralidade em Contos e sobre Faërie, e vários outros, para ver alguns outros enfoques sobre o assunto.

Em tempo, vou dar uma olhada neste livro da Zimmer Bradley. :)

Abraços do Verde.

5/31/2007 06:57:00 PM  
Blogger herrman said...

Olá
Com certeza bem inferior mas interessante de ler é Caixinha de madeira, um livro sobre a troca de cartas que aconteciam entre Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida. Os temas das cartas não são de confissões sexuais mas são tão interessantes quanto.
A escritora usa o pseudônimo de Indigo
Pena que são publicadaspoucas coisas do Alan Moore por essas bandas.

6/07/2007 11:50:00 AM  
Blogger Daniel Duende said...

"Caixinha de madeira", não é? Vou correr atrás desta dica. Valeu pelo toque.

E é mesmo uma pena que nem tudo do Moore chege por aqui, mas quem se interessa acaba achando o que quer na rede. De qualquer forma, eu adoraria poder comprar coisas dele em qualquer revistaria fuleira por aí. Mas... sonhos são sonhos, não é? :)

Abraços do Verde.

6/07/2007 03:25:00 PM  

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