14 de mar. de 2007

reflexões de um herói cotidiano...

"Vi seu corpo tremendo, sacudindo involuntariamente, enquanto seus olhos verdes arregalados fitando o nada lacrimejavam sem parar, a boca entreaberta, os dentes cerrados e a língua se enrolando por detrás deles, obstruindo o ar. Primeiro tive de enfiar meu dedo em sua boca com força. Fui mordido num dos machucados de percussão. Então a impedi que fechasse de novo fazendo-a morder um lápis. Nessa altura, ela estava respirando com tanta dificuldade que começou a ficar roxa, o corpo serenamente desligando. Aquele esmeralda desconhecido virando vidro desolado, como a areia do deserto depois de uma explosão nuclear. Pensei que ia morrer nos meus braços, me vi em choque diante do corpo dela resfriado no meu colo, incapaz de reagir contra si mesmo. Eu a dei um abraço e aí ela desengasgou da baba que estava em sua garganta. Pouco a pouco, cessou a tempestade em sua carne. Outras pessoas ajudando, buscando socorro, um rapaz veio e carregamos andar acima a moça pra que no sofá se recuperasse. O tempo seguiu, veio família, vizinhos, ambulância, veio gente. O pai dela disse que a garota é difícil, não toma o remédio, dorme mal, não se cuida. Afastei-me de tudo aquilo e fiquei contemplando o céu..."
(Retirado do Blog do DPadua)

A vida é tão louca...
E passamos tanto tempo olhando para coisas tão abstratas, sem perceber os problemas reais e as belezas reais deste mundo...

Enxergar a verdade e agir parece mesmo ter virado coisa de herói cotidiano. E são muitos que andam por aí, anônimos, já que as capas e cuecas por cima das calças já saíram (ainda bem) de moda há muito tempo...

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