27 de out. de 2008

Fragmento

O primeiro gole de café em um fim de tarde como este é duas vezes o melhor do dia. Primeiro, pelo café. O primeiro gole é sempre o melhor. Segundo, pela tarde, que vai se esvaindo como uma serpente que chega e vai embora sem a gente notar, cheia de cores e perigo. Estendeu a mão para pegar os cigarros, mas deparou-se com o maço vazio. Se pegou tentando lembrar daquele feitiço que fazia chover, e na viagem pela memória não viu a noite cair. Quando olhou no relógio, praguejou. O cluracão estava atrasado, o que provavelmente significava que não viria. Melhor seria se fosse por preguiça ou descaso. Mas provavelmente isso também significava problemas. Se lhe restava beber o café e se preparar para a noite. Não contava mais com a sorte. Olhou à volta procurando um padaria. Não queria ficar sem cigarros em uma noite como aquela.

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