28 de jan. de 2009

Sacada

Deu mais um trago em seu cigarro, daqueles que o estavam matando, e olhou para as colinas cheias de casas.
- Eu podia morrer aqui - pensou.
E era isso mesmo que estava fazendo, pouco a pouco, onde quer que estivesse. Alguns dias acordava cheio de vontade de viver, mas a mesma lhe escorria por entre os dedos, assim como o tempo. E por mais que o tempo e a vida corressem, não conseguia mais sequer caminhar em frente.
Deu mais um trago no cigarro. Queria chorar, mas fazia tempo que não tinha lágrimas. Estava seco. Havia se tornado uma paisagem seca por trás de seus olhos. E alguma coisa gritava, aprisionada, lá dentro. Gostava de acreditar que era sua alma, e que se ela se libertasse tudo ficaria bem.
De um jeito ou de outro, tudo permanecia como estava, ao menos por hora. Deu o último trago no cigarro e voltou para dentro de casa. Aprendera a não se importar, e isso era o golpe de misericórdia em seu espírito.
Morria aos poucos em meio ao luxo e a inércia...

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